Por Diogo Ferreira
O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, destacou em um recente evento sobre direito e tecnologia que um programa de inteligência artificial pode analisar em cinco segundos o que cem servidores levariam um dia inteiro para fazer. Essa afirmação, embora aponte para um avanço significativo em termos de produtividade, gerou preocupação entre os servidores. Durante o fim de semana, um colega compartilhou no grupo de WhatsApp do Conselho Nacional de Justiça um vídeo do ministro fazendo tal afirmação, alertando que poderíamos em breve ser substituídos. Essa preocupação foi agravada por uma notícia adicional sobre a demissão de 4 mil funcionários nos EUA devido à automação. Diante desses eventos, é essencial discutirmos a inteligência artificial não como uma ameaça, mas como uma oportunidade para otimizar nosso trabalho.
O que é Inteligência Artificial?
Vamos começar relembrando o conceito de Inteligência Artificial. A IA é uma faceta da tecnologia da informação que busca criar sistemas capazes de realizar tarefas que normalmente exigiriam inteligência humana. Estas incluem capacidades como aprender, raciocinar, resolver problemas, perceber, entender linguagem e até mesmo criar arte. A IA é particularmente útil em tarefas que envolvem a análise rápida e precisa de grandes volumes de dados, uma habilidade que a destaca em vários campos, do financeiro ao judicial.
O programa que o Ministro Fux citou é a plataforma Victor. Ele foi desenvolvido pelo Supremo Tribunal Federal, e exemplifica o uso da IA no setor judiciário. Esta ferramenta é programada para analisar recursos extraordinários e identificar aqueles que são pertinentes para revisão do tribunal, economizando tempo e recursos humanos. Internacionalmente, sistemas de IA são utilizados para prever resultados de processos, ajudando advogados a se prepararem melhor para seus casos. Essas ferramentas mostram como a IA pode ser usada para complementar o trabalho humano, ao invés de simplesmente substituí-lo.
A automação está se tornando uma realidade em diversos setores, e o judiciário não é exceção. Entretanto, isso não necessariamente equivale à perda de empregos, mas à transformação destes. Para os servidores públicos, isso significa uma oportunidade para se capacitarem em novas áreas e desenvolver habilidades que serão valorizadas nesse novo contexto, como a capacidade de gerenciar projetos de tecnologia, liderança adaptativa e habilidades de comunicação avançadas. Estas competências ajudarão a garantir que a transição para um ambiente mais automatizado seja vantajosa e inclusiva.
Vamos fazer um pequeno exercício de imaginação. Já falamos aqui no blog sobre os agentes de IA. Essa tecnologia estará disponível muito em breve para todos. Agora imagine um organização com 10 funcionários/servidores. Em um futuro não muito distante esses 10 funcionários poderão ter o auxílio de digamos 5 agentes de IA. Um para fazer pesquisas, outro para escrever e-mails, um para analisar planilhas, um para analisar relatórios, outro para escrever despachos e informações.
Se as tarefas mais operacionais podem ser automatizadas, o que sobra? Definir uma visão de futuro (para onde estamos indo), estabelecer prioridades (escolher o que fazer primeiro dentre tantas demandas), planejar (como o trabalho será feito, estabelecer metas, cronograma, avaliar riscos) , distribuir o trabalho (quem fará o que?) , comunicar (explicar o que deve ser feito de forma clara e garantir que a outra pessoa, ou máquina, compreendeu a mensagem), revisar (analisar se os parâmetros foram observados no trabalho feito, sugerir melhorias), aprovar (validar o que foi feito e se responsabilizar pela qualidade/exatidão do trabalho).
Percebem um padrão? Quem normalmente é responsável por essas atividades? Líderes! Podemos estar caminhando para um futuro onde todos os funcionários serão responsáveis por liderar uma equipe de agentes de IA.
A possibilidade de que cada servidor ou funcionário venha a liderar uma equipe de agentes de inteligência artificial representa uma mudança significativa no conceito de trabalho. As tarefas operacionais, que muitas vezes ocupam grande parte do dia, podem ser delegadas a esses agentes, liberando os humanos para se concentrarem em funções que exigem pensamento crítico, julgamento e visão estratégica.
Este cenário também abre novas oportunidades de carreira. Profissionais que possam atuar como pontes entre a tecnologia e as necessidades humanas serão extremamente valiosos. A capacidade de gerenciar e liderar equipes híbridas será uma habilidade procurada, transformando a maneira como pensamos sobre progressão profissional.
À medida que nos preparamos para esta nova realidade, onde a inteligência artificial se torna uma extensão das nossas capacidades diárias, o papel da liderança se torna ainda mais crucial. Hoje, tenho o prazer de dar início ao curso "Liderança 4.0: Competências Gerenciais na Era da Inteligência Artificial". Neste curso, exploramos não só como a liderança tem evoluído, mas também desenvolvemos habilidades essenciais que serão necessárias no futuro próximo: Curiosidade e Adaptabilidade, Clareza de Visão, Colaboração, Inteligência Emocional, Comunicação Efetiva, Solução de Problemas, e Ciência de Dados para Gestão de Equipes.
Embora as vagas para esta turma já estejam esgotadas, este é apenas o começo de um processo rumo ao desenvolvimento de novas habilidades. Fiquem atentos, porque vou divulgar aqui novas oportunidades para aqueles interessados em se equipar para liderar no cenário transformado pela inteligência artificial.
Lembre-se: em um mundo movido pela inovação, os líderes não são apenas nascidos, são também construídos e continuamente aprimorados. Incorporar as competências certas é mais do que uma necessidade; é uma vantagem estratégica que nos coloca à frente, não apenas para sobreviver, mas para prosperar no futuro que a inteligência artificial está moldando.
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