Por Diogo Ferreira
À medida que a Inteligência Artificial (IA) se entrelaça cada vez mais com as operações do Poder Judiciário, sua influência estende-se para além da melhoria da eficiência e produtividade, alcançando o potencial transformador na educação corporativa dos servidores. Como Diretor do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Servidores do Poder Judiciário (CEAJUD), percebo a IA não apenas como uma ferramenta para a otimização dos recursos e processos internos, mas também como um meio fundamental para repensar e enriquecer a formação dos servidores.
A integração da IA no Poder Judiciário, exemplificada por iniciativas como o programa "Victor" do Supremo Tribunal Federal (STF) no Brasil e os "tribunais inteligentes" na China, já demonstrou resultados promissores em agilizar processos e oferecer suporte decisório mais eficiente. No entanto, a aplicação da IA na educação corporativa abre um leque de possibilidades ainda mais amplo e significativo.
A IA traz consigo uma série de vantagens que podem revolucionar a forma como a educação corporativa é concebida no Poder Judiciário. A capacidade de produzir e revisar conteúdos de forma acelerada permite uma atualização constante e ágil dos materiais didáticos, adaptando-se rapidamente às mudanças legislativas e procedimentais. Além disso, a possibilidade de criar simulações de audiências e julgamentos com avatares e cenários gerados por IA promove uma aprendizagem prática e envolvente, preparando os servidores de maneira eficaz para os desafios reais de suas funções.
A tutoria auxiliada por IA representa outra inovação significativa, oferecendo um acompanhamento personalizado e ajustável às necessidades individuais de cada servidor, enquanto a avaliação e o feedback automatizados contribuem para um desenvolvimento contínuo, fornecendo retornos construtivos em tempo real.
Contudo, a implementação da IA na educação corporativa enfrenta desafios que devem ser cuidadosamente gerenciados. A prevenção de plágio e a criação de conteúdos enviesados exigem atenção para assegurar a originalidade e a imparcialidade dos materiais produzidos. Além disso, é crucial manter a profundidade e a empatia no processo educacional, evitando que a utilização da IA resulte em uma experiência de aprendizado superficial ou despersonalizada. A segurança da informação emerge como um aspecto fundamental, considerando a sensibilidade dos dados manipulados pelo Judiciário.
Para navegar por esses desafios e explorar o potencial da IA na educação corporativa, algumas ações tornam-se indispensáveis. O desenvolvimento ético da IA, seguindo diretrizes claras que promovam justiça, equidade e inclusão, é essencial. Além disso, o investimento na formação continuada dos servidores em novas tecnologias é fundamental, preparando-os para utilizar as ferramentas de IA de maneira consciente e crítica. Por fim, a colaboração interinstitucional, promovendo a troca de experiências e soluções em IA entre diferentes órgãos do Judiciário, fomentará uma cultura de inovação compartilhada.
A integração da IA na educação corporativa do Poder Judiciário é um caminho repleto de oportunidades para transformar a formação dos servidores. Enfrentando os desafios com uma abordagem cuidadosa e proativa, podemos assegurar que a justiça não apenas mantenha sua eficiência e inovação, mas também se torne mais humana, equitativa e adaptada às necessidades do século XXI.
Acho que fiz a primeira capacitação em licitações com IA hoje no Exército. Vejo um futuro promissor nessa área (Capacitação + IA). Pode-se dizer aquela velha frase sobre este terreno: - Quando cheguei aqui era tudo mato!