Por Diogo Ferreira
A inteligência artificial (IA) e os grandes modelos de linguagem (LLMs), como o ChatGPT, estão ganhando cada vez mais espaço nas organizações. É natural que todos queiram experimentar essas novas tecnologias emocionantes - elas são vistas como divertidas, inovadoras e colocam as empresas e pessoas à frente daquelas que ainda não adotaram a IA.
No entanto, antes de simplesmente incorporar a IA aos processos existentes, é fundamental fazer uma pausa e refletir. Em vez de apenas adotar a tecnologia pelo simples fato de ser novidade, as organizações precisam primeiro analisar seus fluxos de trabalho, identificar os desafios que enfrentam e onde há oportunidades de melhoria para alcançar seu propósito central.
Aqui entra o conceito de "deep purpose management" ou gestão de propósito profundo, discutido por acadêmicos de Harvard e outros pensadores. As empresas de maior sucesso são aquelas capazes de definir e incorporar um propósito autêntico que transcende a busca por lucros. Esse propósito, enraizado em valores fundamentais, inspira ações e decisões em toda a organização.
Líderes com um senso de propósito claro conseguem inspirar confiança, integridade e trabalho significativo em suas equipes. Alinhar pessoas e processos em torno de uma causa maior traz excelência por meio da responsabilidade coletiva. Definir propósito e valores centrais deve ser o primeiro passo, antes de pensar em como a IA pode ser aplicada.
Só depois de entender os resultados que a organização precisa entregar e os obstáculos que a impedem de atingir seu propósito é que faz sentido explorar como a IA pode ajudar a superar esses desafios específicos. A inteligência artificial não é um fim em si mesma, mas sim uma ferramenta poderosa para alcançar objetivos e impulsionar uma causa maior.
Ao mesmo tempo, incentivar a curiosidade sobre novas tecnologias e uma mentalidade de inovação e aprendizado contínuo é valioso. Mas isso deve ser feito de forma intencional, com um claro senso de direção e alinhado ao propósito central da empresa.
A inteligência artificial tem um enorme potencial para melhorar processos, impulsionar ideias e permitir que as organizações atinjam seu propósito de maneiras antes inimagináveis. Mas para usá-la com sabedoria, primeiro é preciso definir esse propósito profundo. Só então a IA se tornará uma verdadeira aliada na jornada, em vez de apenas mais uma distração.
Referências Bibliográficas:
Gulati, R. (2018). Deep Purpose: The Heart and Soul of High-Performance Companies. HarperCollins.
Reitsma, R. (2021). Propósito: O Motor da Excelência Organizacional. Editora Gente.
Sinek, S. (2009). Start With Why: How Great Leaders Inspire Everyone to Take Action. Penguin Books.
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